Revelar parte de minhas memórias pessoal e como advogado trabalhista sindical identificado com as lutas populares é o objetivo deste livro. A partir da minha profissão pude fazer um pouco de justiça social, atendendo pessoas menos favorecidas, essencialmente trabalhadores desprovidos de privilégios. Hoje, após 63 anos de vida, consolidado como profissional do Direito e prestes a me aposentar, quero deixar um legado para aqueles que optaram em trilhar caminho semelhante como meus filhos Arthur e Thiago, minha prima Neliana, meus sobrinhos por afinidade, Victor Mateus e Thiago Marden, filhos do meu sócio Welton, bem como todos os demais advogados de nossa equipe que possuem a missão de levar adiante nosso trabalho mantendo os mesmos ideais.
Que essa caminhada aqui descrita sirva de alguma inspiração para jovens advogados. A eles cabe o papel de contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária fazendo do direito uma ferramenta desta dura tarefa. Narro aqui parte significativa da minha vida. Uma história de trabalhador de origem humilde como tantos outros explorados no Brasil. Meu presente continua vinculado ao meu passado, o que explica a maioria de minhas atitudes.
O advogado trabalhista obreiro em que me transformei, lapidado no escritório Marden & Fraga Advogados Associados, criado há mais de 30 anos com o companheiro de lutas, Welton Marden de Almeida, traduz a minha existência. Nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, que é construído a partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra”, escreveu Karl Marx. Está na teoria crítica do filósofo e revolucionário socialista alemão a representação da minha trajetória. Ou seja, a essência do homem em que me transformei está na história que construí, após anos não apenas convivendo com trabalhadores, mas sentido na pele o que é ser explorado e fazendo desta dura realidade a matéria-prima que me deu energia para lutar por um país mais democrático e uma sociedade menos desigual, buscando um pouco mais de justiça social, tendo como um dos instrumentos o exercício da advocacia trabalhista sindical obreira.
Escrevi estas memórias em plena pandemia de Covid 19, talvez isto tenha motivado e afetado um pouco minha narração, não sou escritor e nem doutrinador, nem tive a pretensão sê-lo, acredito que as pessoas que se dispuserem a ler este livro haverão de compreender isto, pois como disse o filosofo inglês Thomas Morus “Nenhum homem é uma ilha” por isto me deixo afetar por todo tipo de injustiça. Vale aqui transcrever parte da celebre poesia de John Donne em Meditações VII.
“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”
Avaliações
Não há avaliações ainda.